Depois de anteontem o Nuno ter ficado muito decepcionado com os bifes da Portugália, ontem como ele estava de novo de folga e jantava em casa, e Eu também (coisa que deve acontecer cerca de umas duas vezes por mês), decidi que o desgraçado iria comer uns bifes ao jantar, numa tentativa de colmatar o “desgosto” do dia anterior, afinal ia sair cedo, tinha tempo para preparar tudo com calma, podia até fazer o bolo de chocolate que ele adora.
O sair cedo, foi relativo, apanhei uma fila do caraças e eram 19 horas quando cheguei ao Continente da Amadora, depois de procurar a secção de carnes (onde nunca vou, porque raramente como), vi que o preço do kilo do bife do lombo era 18 euros, não faço a mínima ideia se era caro ou se era barato, mas achei uma roubalheira, normalmente quando compro carne compro sempre lombos de frango, que é a carne que mais gosto, não sei quanto custa o kilo, mas não é de certeza 18 euros. Atrás de mim, estava a carne importada do Brasil, quando estive em Angra, adorei comer Maminha, o preço do kilo era 11 euros e eu nem pensei duas vezes.
19 e 15, depois de pagar penso, “caraças esta M….. está congelada, como eu que eu vou cortar, temperar e cozinhar isto a tempo do Jantar”.
19 e 18 entro no carro, carne no chão do banco do pendura, AC no máximo do calor direccionado só para os pés “isto há-de descongelar até casa, com a fila de transito que está!”
19 e 25 tenho os pés a escaldar, estou no pára arranca, com os vidros do carro todos abertos.
19 e 30 começo a sentir as faces a ferver e uma enorme falta de ar, ponho a cara de fora do carro.
19 e 40 estaciono, conduzi com a cara de fora e estou toda a ferver, fecho os vidros, desligo o carro, saio, abro o porta bagagens, tiro o portátil, a mala de trabalho, mais umas tralhas que tinha comprado no Ikea e no Gato Preto, fecho o porta bagagens, dou a volta ao carro, abro a porta do pendura, pego no saco dos tomates, “credo, coitadinhos, mais um bocadinho e umas colheres de açúcar e fazia doce”, pego no saco da carne, estava congelada que nem uma pedra “f….-se, c……, vim eu prestes a desmaiar com o calor e esta m…. ainda está congelada, nheda-se, só eu, como é que eu vou cortar esta m…..?”
Chego a casa perto das oito, o meu pai está lá (ele é chefe de cozinha), “boa pai, corta-me aqui esta carne, para o jantar”, ele corta aquilo como se fosse manteiga, faço o jantar, Maminha frita com molho de mostarda, ovo estrelado, salada de “tomate”, e batata frita (meu deus, à tanto tempo que eu não usava a fritadeira” ficou bom (acho Eu), Eu nunca faço jantar e o Nuno está-se sempre a queixar. Sentamo-nos a jantar à luz das velas (e do candeeiro do Hall, porque o Nuno diz que gosta de ver o que está a comer) e a ouvir um Cd de Vangelis (“não achas que está muito alto?” diz ele, “não Nuno! É só esta musica (Pulsar) que têm estes picos mais altos, se pomos mais baixo não ouvimos!), a Madalena que estava a dormir e que esteve o dia inteiro a leite, porque o Nuno não tem paciência para lhe dar de comer, acorda e quer comer, janto a correr, aqueço a sopa da madalena, misturo papa para ficar mais grossa, sento-a ao meu colo, o Nuno continua a comer, a Madalena acaba ao mesmo tempo do Nuno, o Nuno nem comenta o jantar.