Eu diria mais, pede-se frequentemente a um escritor-biólogo interessado que nos escreva o prefácio do nosso próprio livro, mas cheira-me, tenho assim só um certa desconfiança, que em 1972, ano em que foi escrito este livrinho, o Dr. Comfort deve ter sentido alguma dificuldade em arranjar alguém que quisesse escrever o prefácio.
“A minha mulher e eu dedicámo-nos a compilar um livro baseado numa investigação pessoal, e concluímos que poderia abranger gostos diferentes dos nossos mas que outros casais consideravam útil.”
Não haja confusões, o Dr. não leu livros para se suportar em bases científicas para a sua pesquisa, mas preferiu utilizar o seu tempo praticando com a mulher, incluindo, “gostos diferentes dos nossos” mas que eles experimentaram em nome da ciência.
“A analogia com um livro de cozinha parecia justificar-se: esta é uma obra de cozinha sexual e não a indigestão sexual. Há, está tudo explicado. Eu é que ainda não tinha percebido a analogia. Um livro de cozinha é uma lista de receitas viáveis de proporcionar prazer -desde as fantasias culinárias às dietas mais triviais, com a indicação dos pormenores práticos. Também este é uma lista, igualmente plácida, assim o espero, do reportório completo da heterossexual idade humana.”
Sim meus amigos, porque se nós pensávamos que o Dr. Comfort e sua esposa, assim digamos que em nome da ciência, e apesar dos “gostos diferentes dos nossos” se tinham metido em “cuzinhados” homossexuais estávamos muito enganados, a pesquisa cientifica tem um limite meus amigos. E o limite neste caso, é a mulher do Dr. Comfort , e o próprio.
“ Há muito que se impunha uma publicação deste género. Um livro de cozinha ensina o principiante a lidar com uma lagosta viva, o que fazer quando a maionese deslassa, e a preparar châteaubriand. Neste livro descrevemos, segundo esperamos, com os mesmos pormenores serenos e sentido de humor, o que fazer nos casos de impotência ou ejaculação prematura, como praticar sexo oral, como agir com simbólica agressividade, como lidar com alguém que tenha a mania da “disciplina sexual”, como não se deixar perturbar por fetiches, e como usar roupas sugestivas e nível de estimulantes sexuais”
Sim, eu consigo-me imaginar a praticar os “pormenores serenos e sentido de humor” de como lidar com uma lagosta viva.
“Sei perfeitamente como me teria sido útil um livro deste género nos meus tempos de estudante de Medicina”
Mas só para fins científicos.
“Os perfis sexuais são na realidade tão diversos como os gostos culinários, mas ninguém se sente culpado ou obcecado pelo facto de odiar caril e gostar de tripas”
Mau, já estou baralhada, afinal o Dr. Comfort gosta de tripas ou não?