quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mal de Amor - Ana Amélia de Queirós



Toda pena de amor, por mais que doa,
No próprio amor encontra recompensa.
As lágrimas que causa a indiferença,
Seca-as depressa uma palavra boa.

A mão que fere, o ferro que agrilhoa,
Obstáculos não são que amor não vença.
Amor transforma em luz a treva densa,
Por um sorriso amor tudo perdoa.

Ai de quem muito amar não sendo amado,
E depois de sofrer tanta amargura,
Pela mão que o feriu não for curado.

Noutra parte há de em vão buscar ventura.
Fica-lhe o coração despedaçado,
Que o mal de amor só nesse amor tem cura.

2 comentários:

r disse...

ESPERANÇA

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

sofia disse...

gostei